Acreditar que os eventos de corrupção envolvendo os principais atores da cena política nacional não podem fazer a economia brasileira retroceder ainda mais é um engano. Já vimos esta cena em diversos episódios da história de nossa jovem república. O primeiro episódio de impeachment, o do Fernando Collor, ficou sendo coisa pequena perto do que está sendo escancarado para a sociedade nos últimos meses.
Somente no primeiro dia após o anúncio das gravações comprometendo o presidente Temer a bolsa de valores caiu 8,8% e o dólar sofreu a maior alta desde a maxidesvalorização ocorrida no Plano Real, em 1999, subiu 8,06% num dia.
O entendimento comum dos analistas econômicos é que as notícias recentes podem tornar o país mais vulnerável e o risco de se manter recursos financeiros no mercado nacional passa a ser muito alto. Com efeito, os investidores estrangeiros, e até mesmo os brasileiros, tendem a se desfazer de suas posições na bolsa de valores, vendendo suas ações, o que faz com que as cotações das ações das empresas caiam.
Por outro lado estes investidores tendem a buscar mercados mais seguros no resto do mundo e para isto tem que efetuar operações de câmbio, comprando a moeda americana. Com isto a cotação aumenta. Sem falar nas pessoas que ficam com medo de medidas econômicas emergenciais que possam reduzir muito a liquidez do mercado e apostam no dólar como uma forma de proteção de seu capital financeiro.
É fácil de perceber que as empresas irão perder capitais e passam a ter uma visão mais pessimista sobre o cenário econômico de curto prazo. Não investem mais e podem até reduzir os investimentos programados, o que irá causar o aumento do desemprego. Soma-se a isto um possível aumento da inflação por conta do aumento da cotação do câmbio.
Somente eventos ruins para a população assalariada.
Daí os críticos de plantão bradam, com razão, que o presidente Temer deve sofrer impeachment ou mesmo renunciar. É o sentimento natural que assola qualquer cidadão de bem deste país.
Mas se observarmos a linha sucessória da presidência da República temos que o primeiro a assumir seria o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o segundo seria o presidente do Senado Federal, Eunício de Oliveira. Ambos investigados pela Lava-Jato. Cabe lembrar que uma boa parte de nossos políticos está sendo investigada nesta ou em outras operações que visam combater a corrupção e desvio de dinheiro público.
Ainda na linha sucessória, no caso de necessitar de uma terceira pessoa, quem assumiria seria a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia.
As nossas opções não são das melhores. E tudo isto até que o Congresso Nacional eleja, indiretamente, um presidente para cumprir mandato “tampão” até 31/12/2018. Um governo de transição implicará em mudanças de ministros e demais assessores e mudanças em muitas políticas de governo e de estado, bem como possíveis alterações nas reformas que estão tramitando.
Mais uma vez quem irá sofrer as consequências mais amargas é a população assalariada, em especial os mais pobres que necessitam mais da ação positiva dos governos.
Outra alternativa que apontam é uma mudança constitucional para viabilizar eleições diretas, já. O que poderia ampliar o período em que os sucessores ficariam comandando o país. Como podemos ver as alternativas possíveis passam, necessariamente, por caminhos que irão trazer mais dificuldades e sofrimento para os brasileiros.
Um governo provisório, por um ano somente, não dará conta de tomar medidas que melhorem a situação econômica, poderá apaziguar o contexto político, mas nada trará de benefício efetivo para a população. Mas o que podemos fazer? Persistir, sempre. Afinal de contas somos brasileiros e não desistimos nunca.
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