É muito comum as pessoas fazerem confusão entre o conceito macroeconômico de poupança e a famosa caderneta de poupança. A primeira é a parte da renda que não é consumido, ou seja, que é economizada pelas famílias. Já a caderneta de poupança é uma forma de investimento que rende juros e correção monetária.
Quando uma economia está em crescimento, ou seja, seu Produto Interno Bruto (PIB) apresenta crescimento real e não há risco de desemprego as pessoas apresentam uma tendência a consumirem mais e, por conta disto, aplicam menos. Já quando há um quadro recessivo na economia com o crescimento estagnado ou encolhendo combinado com pressão inflacionária e aumento do desemprego as famílias tendem a poupar mais e aplicam sua poupança, o que pode ser na caderneta de poupança.
Pois bem, os saldos da captação líquida (diferença entre depósitos e saques) na caderneta de poupança nos últimos 12 meses estão emitindo sinais importantes para a economia brasileira. Nesse último período os saques na caderneta de poupança superaram os depósitos em cerca de R$ 11 bi. No mesmo período do ano anterior o saldo foi positivo, de cerca de R$ 241 mi. Se olharmos para o mesmo período de 2013 e de 2012 os saldos foram positivos em cerca de R$ 59 bi e R$ 22 bi, respectivamente.
Considerando as expectativas de baixo crescimento, de alta de preços e de aumento do desemprego, que faz tempo que estamos indicando, combinado com o conceito que apresentamos acima alguém poderia questionar: mas se o quadro é recessivo a poupança não deveria estar aumentando?
A resposta é simples, sim. As pessoas que possuem condições de poupar estão assim fazendo, tanto que o saldo depositado na poupança hoje é maior do que o de 12 meses atrás, porém está diminuindo.
Também temos que considerar que o nível de endividamento das famílias, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), está reduzindo, relativamente. Isto indica a preocupação com cenários futuros de nossa economia e que estão buscando alternativas para reduzir o endividamento, não que o poder aquisitivo da população esteja aumentando.
Portanto, os sinais emitidos pela nossa economia estão muito claros: temos um quadro de crise e recessão pela frente e para enfrentar esse período o arrocho que deverá ser exigido de todos os brasileiros será muito intenso.
Com certeza teremos dois anos de muitas tribulações econômicas.
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