Em todas as sociedades onde existem eleições para escolha dos mandatários políticos, ou seja, nas sociedades democráticas, utilizamos algum critério para fazer a nossa escolha. Normalmente avaliamos o desempenho do candidato em outros cargos que ocupou, independente de ser eletivo ou não, ou analisamos o alinhamento ideológico existente com o candidato.
A teoria dos ciclos políticos econômicos é a parte da ciência que estuda as interações entre as decisões de políticas econômicas e as considerações políticas. Normalmente este ciclo espelha a agenda eleitoral. Com efeito, decisões que sejam impopulares nunca são tomadas perto das eleições; normalmente isto ocorre no primeiro ou, no máximo, no segundo ano do mandato - considerando mandatos de 4 anos. Nos dois últimos anos do mandato somente notícias boas, positivas e ações populares é que aparecem, pois o mandatário espera ser reeleito ou, quando não for o caso, espera indicar e eleger o seu sucessor.
Desta forma as decisões econômicas impopulares, tais como aumento de impostos, cortes de gastos públicos e aumento de juros são realizadas nos dois primeiros anos do mandato como uma forma de realizar ajustes fiscais necessários para promover o crescimento econômico nos dois últimos anos do mandato.
William Nordhaus, em sua obra intitulada "The Political Business Cycle" de 1975, afirma que os ocupantes de cargos políticos efetuam políticas fiscais expansionistas nos últimos anos do mandato, justamente para aumentar as chances de reeleição. É justamente isso que ocorreu em 2014 no governo federal e nos governos estaduais.
Entretanto quando isso ocorre (o que podemos afirmar que é sempre) provoca um desajuste na economia, o que obriga o próximo ocupante do cargo a iniciar seu mandato promovendo ajustes impopulares. Agora é chegada a hora de fazer os ajustes e todos os mandatários estão tomando medidas duras para a sociedade. Estamos sendo vítimas de moratórias, aumento de impostos, de barreiras para acessar benefícios sociais, redução de descontos para pagamentos de serviços públicos, e vamos experimentar aumento de juros, de inflação e de desemprego.
O ano de 2015 é o ano das maldades. Isto porque todos os eleitos e os reeleitos recém-empossados estão tomando as medidas para ajustes dos desequilíbrios que muitos deles foram os causadores.
O ponto positivo (se é que existe um) fica por conta de que em 2015 os municípios estão entrando no período de lua-de-mel, pois é o terceiro ano de mandatos dos prefeitos. Agora tudo de bom começa a aparecer: obras, inaugurações, festas, concursos, etc. Agora vai ser possível, pois os dois anos anteriores foram os anos das maldades para os prefeitos.
E viva o ciclo político invertido.
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