domingo, 4 de setembro de 2016

Ao infinito e além


Agora temos um presidente efetivo, não mais interino. E todos estão comemorando como se as soluções para a crise econômica e política fossem sair da cartola do novo chefe supremo da nação.

Nem bem tomou posse como efetivo e o que ele fez? Embarcou para uma viagem de uma semana à China. Viagem esta que não precisaria da participação do presidente da República, bastando a presença do Ministro de Relações Exteriores. Viagem desnecessária para Michel Temer fazer neste momento político tão crítico em que nosso país está passando.

Junto com o impeachment da Dilma também tivemos notícias sobre o aumento do desemprego e do déficit fiscal, além da preocupação com a política cambial que pode impedir a retomada do crescimento. Destes destaco como mais grave o resultado das contas públicas de julho que apresentou um déficit primário de R$ 18,5 bilhões no mês e um acumulado em doze meses de R$ 163,3 bilhões. A meta estabelecida para este ano é de um déficit de R$ 170,5 bilhões.

Se não bastasse estarmos no “vermelho” há anos, vamos repetir em 2016 e, também, em 2017. De acordo com o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) do governo federal, há uma previsão de déficit primário de R$ 139 bilhões, em 2017. O governo Temer e sua equipe econômica vêm bradando para os quatro cantos do país que irão propor tetos para despesas com saúde e educação e promover a reforma da previdência. E ainda prometem que não irão reduzir políticas sociais e nem aumentar impostos.

Tais medidas não reduzirão o déficit fiscal. O governo terá dificuldade para aprovar a PEC dos tetos de despesas e, para lograr êxito, terá que fazer concessões aos deputados e senadores. Da mesma forma, a reforma da Previdência Social não abrandará as contas fiscais antes de 30 anos. A equipe econômica de Temer tem que recuperar o juízo e começar a pensar em alternativas factíveis para o controle das contas públicas.

Também é pouco provável que não tenhamos aumento de impostos, pois as certezas que temos são basicamente três: a morte, que sempre teremos mudanças e que sempre pagaremos impostos. E no caso brasileiro, sempre pagaremos mais impostos.

O próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles declarou que o governo terá que fazer um “esforço arrecadatório” para poder cumprir a meta fiscal de 2017. Portanto fica claro que teremos mais impostos pela frente. E não serão somente impostos federais que irão aumentar. Os estados também deverão impor aumentos de impostos para equilibrar suas contas e os municípios, após o ano eleitoral, também tratarão de buscar ajustar as suas contas, pois em 2016 está tendo muita fatura nos municípios, e todos sabemos que “depois da bonança chegam as tempestades”. 

Pois é. Mesmo todos afirmando que o povo brasileiro não suporta mais pagar impostos seremos brindados com mais impostos. Isto num período em que os reajustes salariais estão sendo feitos, na maioria, abaixo da inflação. É uma pena que a população não consiga se organizar e ter força e energia para mudar esta dura realidade.

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