quarta-feira, 27 de maio de 2015

Combate à inflação: "entre a cruz e a espada"

O governo federal ainda não apontou quais serão as políticas econômicas de combate à inflação que irão utilizar de forma mais robusta. Inclusive o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, confirmou que ainda não começaram o combate à inflação, mas que isso ainda deverá ocorrer em 2015. Espero que não demorem muito.

Sem sombra de dúvidas o sistema de metas de inflação não está dando conta disso. Até porque o principal instrumento desse sistema é a taxa de juros básica da economia, que já se encontra extremamente alta.

O estoque de dinheiro em circulação é um fator determinante para o controle da inflação. Os meios de pagamentos (oferta monetária), que representa todos os haveres com liquidez imediata em poder do público, costumam ser alvos dos formuladores de políticas econômicas como ferramenta de combate à inflação. Com isso os conceitos alternativos dos meios de pagamentos são importantes. O chamado M1 é composto pelo dinheiro em poder do público mais o depositado à vista nos bancos é um dos mais importantes, pois possui liquidez total. Também temos os M4 que é um agregado com menos liquidez e consiste em todos os ativos financeiros acrescidos dos títulos públicos.

Em períodos de processos inflacionários a relação M4/M1 tende a aumentar, indicando a escalada da inflação. A tabela abaixo indica claramente esse cenário característico da transferência de recursos de ativos sem remuneração para outros ativos remunerados que possam proteger o capital das pessoas.




Mas por outro lado temos que o volume de M1 não está reduzindo (sendo transferindo para M4). Pelo contrário, está crescendo. Em março de 2012 o agregado M1 totalizava R$ 258,8 bilhões. Já em Abril de 2015 foi de R$ 305,6 bilhões. (Tabela abaixo)



Com efeito, temos que a economia brasileira ainda está com uma forte liquidez e necessita ter o volume de M1 reduzido. Resta saber se isto está nos planos do governo federal. Até porque essa medida desacelera a economia e a previsão é de retração do PIB em torno de 1,2%. 

A redução dos meios de pagamentos (M1) é uma alternativa e acredito que muito viável. Entretanto pode desacelerar e economia derrubando ainda mais o PIB e gerando mais desemprego.

Realmente a equipe econômica está "entre a cruz e a espada".

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